Monday, May 14, 2007

Portugal no seu melhor III

Mestre do terror é leitura obrigatória no 8.º ano
Há um protagonista que vaza o olho a um gato (que acaba por enforcar), para depois matar a mulher à machadada. Estes são alguns dos episódios incluídos na história com leitura obrigatória para os alunos do 8.º ano, nas escolas que adoptaram a obra “Black cat” para as aulas de InglêsConhece a fundo a obra de Edgar Allan Poe e define-o como «um grande mestre do terror» e por isso classifica de «absurdo» o facto de os alunos do 8.º ano, que frequentam a Escola EB 2,3 Eugénio de Castro, em Coimbra, e de «outras espalhadas pelo país» terem o livro “Black cat” como leitura obrigatória na disciplina de Inglês. «Estou a alertar os outros pais, porque desconhecem o que os filhos têm de ler e, neste momento, cerca de 100 escolas do país terão adoptado esta obra, o que envolve cerca de 1.600 alunos. Fui a única que levantei o problema, porque conheço este autor, e sei que o seu estilo é de terror», explica-nos a encarregada de educação de um aluno de Coimbra. A mãe, que prefere manter o anonimato, por razões pessoais e profissionais, lembra que a leitura do «género de terror não deve ser obrigatória» e por isso classifica de «absurda» a escolha feita para os alunos do 8.º ano. A obra “Black cat” «envolve violência extrema», com o «protagonista a maltratar um gato, primeiro vazando-lhe um olho e enforcando-o de seguida. Depois, aparece também uma estranha reencarnação do gato que acaba por denunciar o protagonista do homicídio da mulher, que matou à machadada». São estes os factos que levaram esta mãe a tentar perceber o porquê da adopção desta obra, começando por questionar a editora e o Ministério da Educação, mas também psicólogos, psiquiatras e críticos literários. «Obtive opiniões convergentes com a minha, com outras pessoas a acharem também desadequada a leitura desta obra à faixa etária que se destina (13, 14 anos), mas também pessoas que defendem que a leitura do género de terror não deve ser imposta a ninguém».
A editora do “Black cat” confirmou a esta encarregada de educação que «edita pelo nível da língua (Inglês) e não por idade», acabando mesmo por se disponibilizar para oferecer outros livros aos alunos em questão, só que, «incrivelmente, a representante do departamento de línguas não encontra razões para proceder à substituição da obra». Apesar dessa posição, a editora decidiu, por iniciativa própria enviar dois exemplares de \noutra obra para cada aluno do 8.º ano e decidiu ainda que não voltará a editar o “Black Cat”, ao mesmo tempo que aguarda instruções do Ministério da Educação para agir em todas as restantes escolas onde o livro foi adoptado.
Ministério aconselha obra
Nesta escola de Coimbra, a coordenadora do departamento de Inglês do 3.º ciclo quis explicar-nos o porquê da adopção deste manual, mas também porque foram tomadas estas opções. Filomena Rocha esclareceu-nos que «é o Ministério da Educação que aconselha as obras de leitura e cabe aos professores fazer a opção, mas dentro da lista sugerida pela tutela». Na Escola Eugénio de Castro foi isso que fizeram e «a escolha de todo o departamento foi esta. Escolhemos este manual, pelo segundo ano consecutivo, que tem a vantagem de já incluir esta obra – pelo que não é necessário comprar outro livro».
A professora de Inglês confirma-nos que, de facto, «a história se insere num estilo fantástico e de terror, próprio deste autor, mas este é um livro que está incluído na lista aconselhada pelo Ministério da Educação. Gostamos do manual e achamos que a história é própria para estes alunos, que preferem estes temas ou histórias de detectives», esclareceu a docente.
Filomena Rocha acrescentou que «nunca nos foi referenciado qualquer problema, apenas este ano com esta mãe, apesar de o livro relatar alguns factos violentos, que são cometidos sob o efeito do álcool, sendo depois a história contada pelo protagonista na prisão, por isso a obra também tem uma moral».\u003cbr\>«Essa encarregada de educação contactou-me oralmente, tal como o fez o representante da editora que, efectivamente, se mostrou preocupado com a polémica à volta deste assunto e propôs que, se o departamento de inglês concluísse que esta foi \numa má escolha, ofereceria aos alunos um conto em separado», referiu. Só que o departamento voltou a reunir para analisar essa mesma proposta e decidiu que o livro não devia ser substituído. «Nunca ninguém levantou qualquer problema e é o segundo ano que adoptamos o livro. Nesta idade, os alunos não gostam de histórias cor-de-rosa e, veja, que até algumas histórias infantis, como o Capuchinho Vermelho, também têm violência e não é por isso que deixamos de as contar há várias gerações, já sem falar da violência na televisão e nos jogos». Filomena Rocha sublinha que apenas adoptaram um livro que está indicado pelo Ministério, «seguimos essa sugestão e não vimos nada contra». A questão também já foi exposta por esta mesma mãe na Direcção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular, do Ministério de Educação, onde o director apenas nos informou que «nunca foi feita uma observação deste \ntipo», mas «estamos a analisar a obra para depois respondermos a esta encarregada de educação».
A editora do “Black cat” confirmou a esta encarregada de educação que «edita pelo nível da língua (Inglês) e não por idade», acabando mesmo por se disponibilizar para oferecer outros livros aos alunos em questão, só que, «incrivelmente, a representante do departamento de línguas não encontra razões para proceder à substituição da obra». Apesar dessa posição, a editora decidiu, por iniciativa própria enviar dois exemplares de outra obra para cada aluno do 8.º ano e decidiu ainda que não voltará a editar o “Black Cat”, ao mesmo tempo que aguarda instruções do Ministério da Educação para agir em todas as restantes escolas onde o livro foi adoptado.Ministério aconselha obraNesta escola de Coimbra, a coordenadora do departamento de Inglês do 3.º ciclo quis explicar-nos o porquê da adopção deste manual, mas também porque foram tomadas estas opções. Filomena Rocha esclareceu-nos que «é o Ministério da Educação que aconselha as obras de leitura e cabe aos professores fazer a opção, mas dentro da lista sugerida pela tutela». Na Escola Eugénio de Castro foi isso que fizeram e «a escolha de todo o departamento foi esta. Escolhemos este manual, pelo segundo ano consecutivo, que tem a vantagem de já incluir esta obra – pelo que não é necessário comprar outro livro».A professora de Inglês confirma-nos que, de facto, «a história se insere num estilo fantástico e de terror, próprio deste autor, mas este é um livro que está incluído na lista aconselhada pelo Ministério da Educação. Gostamos do manual e achamos que a história é própria para estes alunos, que preferem estes temas ou histórias de detectives», esclareceu a docente. Filomena Rocha acrescentou que «nunca nos foi referenciado qualquer problema, apenas este ano com esta mãe, apesar de o livro relatar alguns factos violentos, que são cometidos sob o efeito do álcool, sendo depois a história contada pelo protagonista na prisão, por isso a obra também tem uma moral».«Essa encarregada de educação contactou-me oralmente, tal como o fez o representante da editora que, efectivamente, se mostrou preocupado com a polémica à volta deste assunto e propôs que, se o departamento de inglês concluísse que esta foi uma má escolha, ofereceria aos alunos um conto em separado», referiu.
Só que o departamento voltou a reunir para analisar essa mesma proposta e decidiu que o livro não devia ser substituído. «Nunca ninguém levantou qualquer problema e é o segundo ano que adoptamos o livro. Nesta idade, os alunos não gostam de histórias cor-de-rosa e, veja, que até algumas histórias infantis, como o Capuchinho Vermelho, também têm violência e não é por isso que deixamos de as contar há várias gerações, já sem falar da violência na televisão e nos jogos». Filomena Rocha sublinha que apenas adoptaram um livro que está indicado pelo Ministério, «seguimos essa sugestão e não vimos nada contra». A questão também já foi exposta por esta mesma mãe na Direcção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular, do Ministério de Educação, onde o director apenas nos informou que «nunca foi feita uma observação deste tipo», mas «estamos a analisar a obra para depois respondermos a esta encarregada de educação».


Retirado de
http://www.diariocoimbra.pt/14420.htm em 11.05.2007

2 Comments:

Blogger bixana said...

Ora bolas, eu sou professora de Inglês e nunca daria um conto destes a alunos de 8º ano. Até gosto bastante de Edgar Alan Poe, mas neste caso concordo com a encarregada de educação que levantou a questão. Se fosse eu e obrigassem um filho meu a ler este livro, eu também o faria. Muitos adolescentes dessa idade não têm a capacidade de filtrar este tipo de histórias. Não é verdade que os alunos dessa idade só gostam deste tipo de livros, já vi alunos de 8º ano vidrados a ouvir a leitura dum conto sobre uma rapariga da idade deles. No cnto não havia violência, a história era normalíssima, se quiserem até um pouco cor de rosa.
Já agora, acho muito infeliz a comparação de Edgar Alan Poe com contos infantis, nestes a violência tem um teor muito diferente...

8:25 PM  
Blogger gatosecaes said...

a mim também me parece inadequado... mas que vamos fazer?
Carolina

9:25 PM  

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