Portugal no seu melhor - parte I
Veterinária da Barquinha acusada de abater animais na via pública
Ana Correia nem queria acreditar quando viu a captura das duas cadelas, que conviviam há nove anos com os moradores da Rua da Fonte, na Moita do Norte, Vila Nova da Barquinha. Segundo alguns testemunhos, os dois animais, de médio porte, foram abatidos na via pública. Situação que a veterinária municipal nega, ameaçando recorrer aos tribunais. Os moradores garantem que as duas fêmeas não constituíam perigo para a comunidade.
Em causa estava um terceiro animal, um macho, que se tinha juntado às cadelas havia duas semanas e que naquele espaço de tempo atacou várias pessoas, tendo uma delas recebido tratamento hospitalar. Segundo conta a moradora, os três cães foram abatidos na rua e levados pela veterinária e por um funcionário do município. O que a levou a apresentar denúncia na Direcção-Geral de Veterinária, no Conselho Deontológico dos Médicos Veterinários e na Direcção Regional de Agricultura de Lisboa e Vale do Tejo.
A autora da denúncia contou a O MIRANTE a sua versão sobre o que se passou a 10 de Abril. Depois do macho ter atacado alguns transeuntes, a GNR avisou os moradores de que os animais iriam ser levados pelos serviços municipais. Ana Correia e o marido, juntamente com algumas vizinhas, tentaram convencer os guardas de que não havia necessidade de abater as duas cadelas, já que estas eram dóceis. "Nós dávamos-lhe comida e tratávamos delas.".
Os dois animais ocupavam as instalações de uma antiga fábrica de cerâmica abandonada e durante nove anos nunca criaram problemas, garante. A Branquinha e a Amarela, como tinham sido baptizadas pela vizinhança, eram anualmente vacinadas. Confrontada com a ameaça da GNR, Ana Correia conseguiu mesmo dono para uma das cadelas, mas não conseguiu retirá-la a tempo.
Na versão da moradora, a veterinária municipal e um funcionário da câmara chegaram ao local e levaram algum tempo a agarrar os animais.
Segundo Ana Correia, o primeiro a ser apanhado foi o cão. Foi enlaçado, depois injectaram-lhe uma substância e, em seguida, veterinária e funcionário levaram o animal na carrinha. Nessa altura, Ana Correia e restantes vizinhas acalentaram a esperança de que as duas cadelas estariam a salvo. No entanto, os dois funcionários regressaram mais tarde e assim que chegaram conseguiram enlaçar as duas fêmeas. Só que o laço terá agarrado as duas ao mesmo tempo, que foram "puxadas com toda a violência". "O grito que elas mandaram foi impressionante. Uma delas deve ter morrido logo, porque não voltou a mexer-se", conta a testemunha. A outra cadela acabou por ser injectada com algo. "Isto tudo a ser assistido pelas pessoas na rua e até por crianças", conta.
Ana Correia e o marido ainda procuraram pelas cadelas no canil do Entroncamento, mas foram informados que nenhuma delas tinha ali dado entrada. Na denúncia enviada às diversas instituições é pedida uma "punição" para a veterinária por não ter cumprido a lei que proíbe o abate de animais na via pública.
A veterinária municipal, Ana Neves Vieira, nega que os animais tenham sido abatidos no local. Numa informação por escrito enviada a O MIRANTE, a veterinária garante que "os três animais foram capturados com um laço próprio para tal e em seguida foi-lhes dada por mim, uma injecção intramuscular de tranquilizante indutor de anestesia em dose mais elevada", medida destinada a evitar stress e sofrimento nos animais. A especialista assegura ainda que os animais foram abatidos após o transporte, estando sob o efeito de anestesia geral e com "a dignidade que todos os seres vivos me merecem". A veterinária considera que a denúncia feita por Ana Correia põe em causa o seu profissionalismo e por isso ameaça recorrer às vias judiciais, para pedir uma indemnização cível pelos danos causados.
A Direcção Geral de Veterinária confirmou a O MIRANTE a entrada da denúncia e afirma que o caso está a ser analisado. (devem ter aberto um inquérito... estou muito mais traquila!!!)
Nota: itálico da responsabilidade da autora do blog
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