Sunday, November 18, 2007

Boas noticias no meio das trevas


No dia em que Sofia Brás, 22 anos, se estreou como voluntária na Casa dos Gatos, da Associação Agir pelos Animais, em Coimbra, ficou chocada "Não fazia ideia de que faltava tudo: areia, ração, medicamentos". Por isso, decidiu usar a criatividade em prol dos gatos: fez porta-chaves e pregadeiras para venda e, com esse dinheiro, comprou comida, areia, remédios anti-pulgas.

Como ela, há outras pessoas a criar e a vender artigos para ajudar associações que apoiam animais abandonados ou em risco. Sem reter uns cêntimos sequer para cobrir os gastos com materiais.

Também Maria Joana Carmo, de 26 anos, faz carteiras, porta-moedas e outras peças, que envia à associação Bichanos do Porto, para que esta, posteriormente, as venda. "As pessoas estão fartas de comprar canetas e isqueiros para ajudar. Se pudermos vender coisas modernas, talvez adiram mais", defende. É com satisfação que relembra as primeiras peças que cedeu para ajudar os animais: "Foram duas carteiras e os 35 euros resultantes da venda deram para esterilizar uma gata". Clarifica: "Não tenho possibilidade de pagar uma esterilização no veterinário, por isso faço uma contribuição em géneros". Já Joana Pinho, de 24 anos, dedica-se à criação de bonecos em tecido e de t-shirts pintadas, cuja venda reverte, igualmente, a favor dos cães e gatos. A preocupação com os maus-tratos infligidos aos animais é comum às três raparigas. "Mais do que os carros, as pessoas são o maior perigo para os gatos que andam na rua. O problema não é só passarem fome e frio", sublinha Sofia Brás, com revolta na voz normalmente doce. Maria Carmo também se mostra afectada quando recorda que "fazem coisas macabras aos animais". Coisas como atropelar por prazer, abandonar ou atar a árvores para incendiar de seguida. Por vezes, ficam em tão mau estado, que "as associações de protecção, com poucos recursos, preferem pô-los a dormir".

Maria - também conhecida como Juni Mingau, na Internet - remata, com alguma dureza: "Quem não está ligado a uma associação não imagina a brutalidade de que são vítimas certos animais, que não se podem defender". Sofia, Maria e Joana não poupam esforços para mudar as vidas dos animais recolhidos pelas associações protectoras. Nos blogs, que todas mantêm, exibem os produtos para venda e encontram forma de difundir a mensagem.




http://junimingau.blogspot.com/ (Maria Carmo, a prima)


Carina Fonseca

Link do Jornal de Noticias



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